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Quão fundo é poço?


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Por que voto em branco e não nulo

Já está mais do que sabido que votar, tanto nulo quanto em branco, não anula eleição nenhuma. Entretanto, eu ainda vejo motivos para votar em, pelo menos, uma dessas duas alternativas. Nas eleições presidenciais de 2010, por exemplo, principalmente no segundo turno, ficamos reduzidos a apenas duas alternativas, o que por sí só já é péssimo. O que agrava ainda mais os fatos é o de que eu concordava com muito poucas ideias de ambos os candidatos, sem falar de que eu não confiava em nenhum deles (vejam, por exemplo, quantos ministros não caíram desde que Dilma assumiu). É evidente que você não dá sua confiança para qualquer estranho na rua, nem mesmo se ele tentar lhe convencer, por digamos, meia hora… e você está certo ao fazer isso. Então porque diabos deveriamos ceder nossa confiança a candidatos com os quais não convivemos, não sabemos realmente o que pensam. É muito fácil aparecer na televisão, no radio e nos jornais dizendo que você fará isso para a educação, aquilo pela saúde… mas a verdade é que não há como saber o que realmente está sendo pensado. E sendo isto assim, não darei minha confiança a político algum, visto que uma boa porcentagem, se não cai em escândalos de corrupção (julgados pelos próprios colegas políticos), acabam por aprovarem e sugerirem leis no mínimo ridículas, e que na maioria das vezes só ajuda aos financiadores de suas campanhas. E é realmente assim que funciona (lamentavelmente) no Brazil: grandes empresas e empresários, banqueiros, homens de negócios, apóiam a candidatura de alguns, dando-lhes vários milhões para investirem em suas campanhas, e estes em troca aprovam leis que beneficiam aqueles, como isenções fiscais etc. etc. etc. (isso quando não existem esquemas de corrupção por trás).
Enfim, por estes (e muitos outros) motivos, não voto em ninguém. Entretanto, como proceder?
Visto que no país ainda não é um direito votar (direito é o que você está facultado a exercer, e não obrigado), e sim um dever (para alegria de muitos ACM’s & CIA, e lamento de tantos e tantos), surgem apenas duas opções: o nulo ou o branco.
Não penso que nulo seja a melhor escolha, pois transmite (ou ao menos, assim é várias vezes interpretado) a ideia de que o eleitor cometeu um erro ao votar. Talvez a melhor opção de números entre os nulos seja realmente o famoso “00”, pois esses dígitos são reservados nas urnas, de modo que ninguém (nenhum partido político) pode ter esse número. Todavia, o voto em branco realmente simboliza o protesto, a ausência de um candidato de confiabilidade e que o eleitor acredita que esteja a altura.

VOTE EM BRANCO:

• Votar é um ato de renunciar à própria liberdade. Não precisamos de líderes para nos impor leis e criar regras que limitam nossos direitos, e fortalecem os seus próprios poderes.

• A democracia se tornou um espetáculo de televisão. O eleitor escolhe candidatos como produtos. É preciso negar esse sistema e, tal como na lógica de mercado, você não enfraquece um sistema ao investir (votar) nele…

• Não é possível mudar o sistema político por dentro dele. A política muda as pessoas, levando qualquer um à corrupção. Se você estivesse para votar uma proposta de lei, não aceitaria, por exemplo, R$ 500.000,00 para mudar o seu voto? É assim que grandes empresas aprovam/vetam leis que lhes interessam!

• Os candidatos são cada vez mais parecidos. A briga entre eles é falsa e serve para que ainda haja esperança na democracia e para que continuem no poder.

• Se o eleitor não está contente com nenhum candidato, tem o direito de anular. É uma escolha legítima como qualquer outra.

• Política não é só voto, também é pressão e participação pública. As eleições sugerem que não há outra atitude política além do voto. Se você já votou alguma vez no candidato com as melhores propostas, e mesmo assim teve de correr atrás de seus interesses por conta própria, terá a corragem de votar outra vez e cometer o mesmo erro?

• Se o eleitor não conhece os candidatos, corre o risco de votar em corruptos. Portanto, sua melhor opção é anular.